Tuesday, November 6, 2012

Um passeio olfativo pela cidade de Nova Iorque - Parte I - High Line

Vista do Empire State  - High Line
Créditos - + Q Perfume Blog

Tenho um conceito de viagem que é muito particular meu. Independentemente de quanto tempo disponho para conhecer um lugar novo, quanto dinheiro posso me dar o luxo de gastar durante a viagem, ou se vou ter uma segunda oportunidade para voltar a visitar aquele país de novo, detesto a equação tempo≈dinheiro. Não consigo fazer viagens com grupos de turistas. Detesto aquele ônibus que faz tour pela cidade, detesto essa maratona na qual existe uma lista de lugares programados para serem visto, e não tenho essa necessidade turística de passar por todos os pontos famosos ou ícones do lugar...
Glória Kalil que me desculpe, mas o livro dela recém lançado sobre viagens, não combina com meu jeito de ser. No livro ela diz que todos devemos parecer turistas, e que tentar parecer com os nativos ou locais é esnobe. Discordo totalmente. Não me acho esnobe, mas vejo as minhas viagens de uma forma diferente da dela. Pra mim, viagens são oportunidades de vivenciar lugares. Eu preciso do meu tempo. Quero sentar e contemplar. Quero conversar com pessoas, quero conhecer os costumes. Uma vez na Grécia sentei horas com dois velhinhos donos de um restaurante perto de Plaka. Ouvir um pouco da história deles e dos ancestrais da família foi mais importante, e certamente mais interessante do que fazer o que todos os turistas estavam fazendo: se comportando como típicos turistas, comprando 100 camisetas inúteis por minuto, comendo churrasco Grego, e olhando no mapa onde era a próxima parada. O bucolismo das vielas de pedra e os restaurantes de comida caseira grega passaram desapercebidos em meio das pilhas de souvenirs.

Chelsea - W 22nd st. between 9th/10th
Créditos - +Q Perfume Blog

E assim foi a minha viagem para Nova Iorque. Aluguei um apartamento no bairro do Chelsea em Manhattan (um estudio em uma townhouse como eles chamam), e resolvi fazer exatamente o contrário do que Glorinha manda: Viver o dia-a-dia do nova-iorquino. Me comportei tanto como nativa que a um certo ponto achei que realmente pertencia àquela cidade. Aposto que outras pessoas que dividem a paixão pelos perfumes fariam uma lista de perfumarias para visitar ou uma lista  dos perfumes para comprar. Não fiz nada disso. Deixei rolar. Vivi o carpe diem em sua mais pura forma. As lojas surgiram, assim como os perfumes também. 
O estúdio fica numa das mais bonitas e interessantes do bairro. Tudo acontece nela. Até filmagens de seriados famosos como Law & Order. Nela estão localizados charmoso hotel boutique The Gem, o delicioso restaurante-mercado Foragers City Grocer e o bed & breakfast gay Colonial House Inn.
Os ginkgos gigantes enfileirados nas calçadas trazem um elemento verde e sereno para uma cidade tão urbana e tão intensa como Nova Iorque. De dia o vento sopra por entre os galhos espalhando as folhas na calçada. Este é o som do outono!
Em dias mais quentes o cheiro de urina se combina com o perfume das flores dos canteiros. Já nos dias de chuva, o verde refrescante dos ginkgos, pinheiros, ciprestes e repolhos gigantes dos canteiros ficam mais evidentes.
Um dos meus passeios matutinos preferidos no bairro vai em direção ao pier, subindo para o High Line


High Line
Créditos - + Q Perfume Blog

O High Line é um parque público construído em uma antiga linha histórica do transporte ferroviário acima das ruas de West Side de Manhattan, mantido e operado pelos Amigos do High Line. O grupo foi fundado em 1999 por moradores da comunidade, e lutou por sua preservação e transformação num momento em que a estrutura histórica estava sob a ameaça de demolição. O parque é mantido como um espaço público extraordinário frequentado por turistas do mundo inteiro e alguns moradores do bairro.


High Line
Créditos - + Q Perfume Blog

O projeto paisagístico do High Line é inspirado nas paisagem espontâneas que cresceram entre trilhos depois que os trens foram desativados em 1980. Atualmente no parque podem ser encontrados mais de 300 espécies de plantas perenes, gramíneas, arbustos e árvores - escolhidos por sua rusticidade, adaptabilidade, diversidade e variação sazonal de cor e textura. Algumas das espécies que originalmente cresceram ao longo da linha ferroviário são encontradas no parque ainda hoje. Andar pelo parque em sentido ao Meatpack District é uma experiência olfativa fantástica. 
A brisa doce-salgada do Rio Hudson, misturada com o cheiro de relva coberta de orvalho, a terra úmida, e a madeira molhada secando com os primeiros raios de sol é simplesmente um perfume que eu jamais esquecerei. Pensei em Hindu Grass de Nasomatto, Terre D'Hermés, Un Jardin sur le Toit (tb Hermés), Absolue pour le Matin de FK... 
Sentar nas espreguiçadeiras do solário, de frente para o pier, ouvindo o som da água na instalação interativa é muito relaxante (entre a 14th e 19th - Diller - Von Furstenberg). Pensei em L'Eau Par Kenzo, Bois D'Iris de Van Cleef.
Logo em seguida o aroma dos cafés expressos, chocolates quentes, pães e sanduiches (entre outras comidinhas de rua) sobem pela a escadaria e convidam para um momento degustação. Na verdade, passei batido, pois todas as vezes que eu estive no parque, todos os lugares, em todas as horas do dia tinham filas de pessoas aguardando pra fazer pedido. Tem um restaurante que parece ser mais bacana no terraço - chamado Terroir, mas como o High Line termina no Meatpack District, aconselho deixar para saborear a comida do bairro lá embaixo mesmo. The Standard Grill, Pastis, Spice Market são algumas sugestões.

Continua em breve...


No comments:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...